Magistrada destaca responsabilidade ética e jurídica da sociedade no combate ao abandono e maus-tratos.
A juíza de direito Cristina Sandoval Collyer, titular da 3ª Vara Criminal de Belém e mestranda na Universidade Federal do Pará, transforma sua paixão por animais em ação prática: resgata, reabilita e promove a adoção responsável de cães e gatos abandonados. Inspirada pela mãe, Mercedes, protetora de animais, a magistrada defende que cuidar dos animais é “defender a vida em todas as suas formas”, unindo ativismo e jurisprudência em uma causa que considera essencial para a evolução moral da sociedade.
Além de atuar no Judiciário, Cristina mantém um lar temporário para animais em sua casa, onde oferece tratamento veterinário, castração e campanhas de adoção. Ela enfatiza que a proteção aos animais abandonados é uma responsabilidade coletiva, envolvendo Estado, instituições e cidadãos. “Ignorar o abandono é compactuar com a crueldade, a negligência e, muitas vezes, com a morte desses seres sencientes”, afirma, destacando que animais são capazes de sentir dor, medo e afeto.
A magistrada ressalta o amparo legal à causa animal no Brasil, citando a Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998), que pune maus-tratos, e a Constituição Federal, que protege a fauna. “Temos também normas específicas para controle populacional e uso científico de animais, mas é preciso garantir sua efetividade”, diz. Para ela, a aplicação das leis deve andar lado a lado com a conscientização social sobre os direitos dos animais.
Cristina compartilha dicas básicas para quem deseja cuidar de um animal: alimentação adequada à espécie, água fresca, abrigo seguro e higiene são fundamentais. “Banhos regulares, vacinação em dia e, principalmente, afeto e interação diária fazem parte do bem-estar animal”, explica. Ela reforça que a posse responsável exige tempo e recursos, mas é um dever ético de quem assume essa relação.
A trajetória da juíza como protetora animal reflete uma mudança de paradigma no Judiciário, onde profissionais passam a incorporar a defesa dos vulneráveis em suas práticas. “Proteger animais é uma extensão do compromisso com a justiça e a dignidade”, afirma. Sua atuação inspira colegas e cidadãos a enxergarem a causa como parte integrante dos direitos fundamentais.
Para Cristina, a luta pelos animais é um reflexo do avanço civilizatório. “Uma sociedade que protege seus membros mais frágeis, humanos ou não, é uma sociedade mais justa e compassiva”, conclui. Enquanto isso, ela segue equilibrando a toga e a coleira, provando que a mudança começa com ações cotidianas — sejam elas em tribunal ou no quintal de casa.