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ONU COBRA AÇÃO GLOBAL PARA CONTER A POLUIÇÃO PLÁSTICA

Em nova data do Dia Mundial do Meio Ambiente, ONU volta a exigir medidas firmes contra o avanço dos resíduos plásticos no planeta

Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a alertar o mundo sobre a gravidade da poluição plástica. O secretário-geral António Guterres pediu urgência na aprovação de um tratado internacional capaz de enfrentar a crise que afeta ecossistemas, a saúde humana e economias em escala global.

Segundo ele, mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano — metade voltada para produtos descartáveis. Apenas uma fração, menos de 10%, é reciclada. O restante acaba em lixões, oceanos ou queimado a céu aberto, agravando impactos ambientais e colocando em risco a saúde pública.

Microplásticos já foram encontrados em oceanos, no solo e até no corpo humano, incluindo sangue e tecidos como pulmões e cérebro. Guterres defendeu um acordo “ambicioso, crível e justo”, com metas claras para reduzir a produção de plásticos descartáveis, fortalecer a reciclagem e oferecer apoio a países com sistemas de gestão precários.

A ESCALADA DA CRISE PLÁSTICA

A poluição por plásticos ganhou proporções alarmantes. Especialistas afirmam que 80% do lixo encontrado nos oceanos tem origem em materiais plásticos. Regiões como a Grande Mancha de Lixo do Pacífico acumulam milhões de toneladas, ameaçando tartarugas, aves e diversas espécies marinhas. Se nada mudar, até 2050 o peso do plástico nos mares poderá ultrapassar o dos peixes.

Além disso, o descarte inadequado de plásticos eleva os riscos à saúde. Substâncias como ftalatos, comuns em embalagens, têm sido ligadas a doenças cardíacas e alterações hormonais. A queima de resíduos plásticos, prática comum em áreas sem estrutura, libera toxinas no ar, agravando doenças respiratórias, especialmente entre crianças e idosos.

CUSTOS ALTOS E POSSIBILIDADES REAIS

A gestão da poluição plástica consome bilhões em recursos públicos todos os anos. Governos arcam com despesas de coleta, limpeza e tratamento de resíduos, ao mesmo tempo em que enfrentam prejuízos em setores como turismo, pesca e saúde. A estimativa é de que o impacto econômico ultrapasse US$ 100 bilhões anuais.

Por outro lado, o avanço da economia circular abre novas oportunidades. Soluções como plásticos biodegradáveis, reciclagem química e filtros para conter microplásticos já vêm sendo desenvolvidas em países como Austrália, Coreia do Sul e membros da União Europeia. No entanto, a adoção em larga escala ainda esbarra em custos elevados e falta de incentivo.

PRESSÃO SOBRE GOVERNOS E EMPRESAS

Durante a conferência global realizada em Seul, sede da edição 2025 do Dia Mundial do Meio Ambiente, representantes de governos, empresas e organizações sociais discutiram alternativas para conter o avanço da poluição. Enquanto países produtores de petróleo resistem a metas rígidas, nações insulares e regiões vulneráveis pedem providências imediatas.

Empresas também enfrentam pressão crescente. Marcas globais já anunciaram metas para eliminar plásticos descartáveis até 2030, mas enfrentam críticas por falta de transparência e ações efetivas. Para a ONU, o envolvimento do setor privado será decisivo no sucesso de um tratado.

MUDANÇAS POSSÍVEIS E NECESSÁRIAS

Diversas regiões já adotaram leis mais rígidas. Ruanda, por exemplo, baniu sacolas plásticas desde 2008. A União Europeia proibiu a comercialização de talheres, pratos e canudos descartáveis. No Brasil, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro criaram restrições, embora ainda faltem fiscalização e adesão.

Segundo Guterres, a cooperação entre governos, sociedade civil e setor privado é o único caminho viável. A expectativa é que o tratado global esteja concluído até dezembro, com metas claras e mecanismos de controle. A ONU adverte: o tempo é curto e a janela para evitar danos irreversíveis está se fechando.

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