As exportações de madeira e derivados do Pará sofreram uma queda significativa nos primeiros dez meses de 2024, conforme dados da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex). O valor total das exportações reduziu 7,12%, alcançando US$ FOB 180,9 milhões, enquanto o volume exportado caiu 7,30%, totalizando 207,38 milhões de quilos em comparação ao mesmo período do ano anterior.
No mês de outubro, a retração foi ainda mais acentuada, com redução de 12,72% no valor e 51,86% na quantidade em relação a setembro. No entanto, o preço médio por tonelada apresentou um aumento expressivo de 34,72%, atingindo US$ FOB 998,40 por tonelada, o que reflete a valorização de produtos específicos.
Entre os produtos exportados, a madeira perfilada (NCM 44.09) mostrou desempenho positivo, registrando crescimento no volume e no valor exportado. Esse segmento respondeu por 70,40% das exportações totais de madeira do Pará, com US$ FOB 127,4 milhões, sendo os Estados Unidos o principal destino, absorvendo 53,81% desse total.
De acordo com Guilherme Carvalho, consultor técnico da Aimex, esse cenário evidencia a resiliência de produtos com maior valor agregado, como a madeira perfilada. “Mesmo com uma retração geral, o crescimento desse segmento demonstra a capacidade do setor de se adaptar às exigências do mercado internacional e de gerar maior retorno financeiro.”
Os Estados Unidos, principais parceiros comerciais do Pará, responderam por 42,27% das exportações totais de madeira do estado, com US$ FOB 76,4 milhões entre janeiro e outubro. A recuperação econômica americana, impulsionada pela redução das taxas de juros pelo Federal Reserve, tem favorecido setores como construção e consumo, que demandam grandes volumes de madeira.
Carvalho destaca que a valorização do preço médio por tonelada, somada ao aumento da demanda nos EUA, aponta para oportunidades de recuperação no setor. “Apesar dos desafios, o mercado internacional continua apresentando espaço para produtos diferenciados e de maior valor agregado. A competitividade do setor no Pará depende de sua capacidade de acompanhar essas tendências.”
O cenário, segundo especialistas, é desafiador, mas promissor para os próximos meses, com a expectativa de fortalecimento das exportações e a busca por novos mercados que valorizem produtos artesanais e sustentáveis.