FIEPA reforça preocupação com alta da Selic e repudia proposta de aumento de impostos; setor produtivo aponta risco de colapso na competitividade nacional
A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 15% ao ano provocou forte reação entre lideranças do setor industrial. Para a indústria, a medida agrava o acesso ao crédito e desestimula o investimento produtivo.
No Pará, a Federação das Indústrias do Estado (FIEPA) ecoa a preocupação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) diante do novo cenário. O presidente da CNI, Ricardo Alban, classificou como “irracional” o nível atual dos juros aliado à alta carga tributária.
Segundo Alban, decisões como essa sabotam a retomada econômica do país. Ele cobra uma postura mais estratégica das autoridades. “É hora de pensar em políticas de Estado, com visão de longo prazo e foco na produtividade”, afirmou.
O dirigente também criticou a incoerência do Banco Central, que condena o aumento do IOF enquanto amplia os juros básicos. “Essa política restritiva mina a competitividade do Brasil justamente quando o mundo vive uma reconfiguração geopolítica cheia de oportunidades”, alertou.
A insatisfação do setor é refletida nos indicadores. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido pela CNI, está em queda há seis meses. Nem mesmo durante a pandemia houve uma sequência tão prolongada de pessimismo no setor produtivo.
Além do cenário de crédito restrito, a FIEPA também rechaça propostas que envolvam aumento de impostos, como previsto na Medida Provisória nº 1.303/2025. “É inadmissível onerar ainda mais quem gera emprego e renda no país”, declarou o presidente da entidade, José Conrado Carvalho.
Ele argumenta que o equilíbrio fiscal deve ser construído com foco na eficiência do gasto público e não no aumento da carga tributária. “O Pará tem vocação produtiva e exportadora. Penalizar nosso setor é comprometer a economia de todo o estado”, completou.
Carvalho ainda defendeu uma análise comparativa entre os incentivos concedidos à iniciativa privada no Brasil e em outros países do BRICS. “Enquanto no exterior os benefícios fiscais são vistos como estratégia de competitividade, aqui enfrentamos críticas constantes”, observou.
Para ele, esse estudo pode ajudar a identificar entraves estruturais e promover um ambiente de negócios mais saudável. “É preciso usar melhor os recursos já disponíveis e proteger quem impulsiona o desenvolvimento nacional”, finalizou.
Foto: Divulgação/Fiepa