Popularização nas redes sociais e uso como “pré-treino” impulsionam vendas e acendem alerta para automedicação.
O uso da tadalafila disparou no Brasil ao longo da última década. Dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) revelam que o consumo do medicamento cresceu quase 2.000% entre 2015 e 2024. Enquanto naquele ano foram vendidas pouco mais de 3,2 milhões de unidades, em 2024 o número saltou para mais de 64,7 milhões.
Indicado principalmente para o tratamento da disfunção erétil, o medicamento tem sido usado cada vez mais para fins não convencionais. A popularização da substância nas redes sociais, especialmente como um suposto “pré-treino” capaz de melhorar o desempenho físico, preocupa profissionais de saúde e autoridades reguladoras.
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Luiz Otávio Torres, destaca que a tadalafila, assim como o sildenafila (mais conhecido pelo nome comercial Viagra), possui eficácia comprovada em diferentes tratamentos, incluindo casos de hipertensão pulmonar grave. “Para todas essas indicações, existem estudos que atestam sua segurança e eficácia”, afirma.
No entanto, o uso recreativo da substância, sem prescrição médica, tem gerado preocupação. Uma das formas mais recentes de comercialização eram as balas mastigáveis — os chamados gummies — que prometiam efeitos estimulantes e vinham sendo vendidas livremente, até serem proibidas pela Anvisa em uma decisão publicada no último dia 14.
Especialistas alertam que a automedicação com tadalafila, especialmente sem orientação profissional, pode trazer riscos significativos à saúde, como alterações cardiovasculares e interações perigosas com outros medicamentos.
A explosão nas vendas evidencia não apenas a popularização do produto, mas também a necessidade de campanhas de conscientização sobre o uso racional de medicamentos e os perigos do consumo sem acompanhamento médico.
Foto: Felipe Gesteira